Esse livro é a autobiografia da cantora Patti Smith. Mais precisamente sobre os anos de sua vida ao lado
de Robert Mapplethorpe, pra quem prometeu um dia escrever um livro sobre a história dos dois.
Quando criança ela gostava de inventar brincadeiras e histórias para os amigos e irmãos, já desenvolvia
gosto por livros e demonstrava ser contestadora ao questionar a mãe do porquê não poder andar sem
camisa no calor igual aos meninos! Patti se torna uma adolescente fã de literatura e rock n’ roll, e começa
a se sentir desajustada em sua cidade e em seus empregos em fábricas que pagavam mal. Engravida aos
19 anos e entrega o filho para adoção (era final dos anos 60 então podemos imaginar o escândalo para os
vizinhos conservadores).
Depois disso ela resolve não olhar para trás e parte para Nova York para tentar
se encontrar como artista. Chegando lá passa fome, dorme e vaga pela rua, até que conhece Robert e
quase que instantaneamente viram parceiros. Ele também era um jovem que não tinha onde morar e nem
emprego, e que estava tentando se descobrir como artista, através de seus desenhos e pinturas. A partir
disso eles começam a compartilhar o teto, a pobreza e a tentativa de se tornarem grandes artistas mesmo
não sabendo como.
Patti trabalhou em algumas livrarias, desenhava e também se arriscou a pintar. Escrevia poesias que não
conseguia terminar. Robert pintava, fazia colagens e artesanatos, mas não tinha certeza se esses caminhos
eram certos. Vivia um grande conflito interno, e mais tarde se descobriria homossexual. Os dois se
separam mas acabam voltando a viver juntos e vão morar no Hotel Chelsea, onde tem muitas experiências
enriquecedoras ao dividir corredores e saguão com artistas de todos os tipos: músicos, atrizes, escritores…
Dá pra ter uma noção de como era agitada a vida na Nova York dos anos 70.
Patti começa a fazer apresentações lendo suas poesias, que logo em seguida ganham acompanhamento de
uma guitarra e a partir daí acontece o que alguns amigos desse percurso já tinham sugerido: que ela
cantasse numa banda de rock. Depois disso vem o aclamado disco Horses, e o resto a gente já sabe.
Robert finalmente encontra seu lugar na fotografia, se tornando um visionário, uma referência até os dias
de hoje. Ele morreu nos anos 80, e Patti só conseguiu lançar esse livro em 2010, finalmente cumprindo a
promessa ao amado. O livro é cheio de referências em música, em literatura, em arte no geral. O tempo
todo ela demonstra sua paixão por Rimbaud, Genet, e Bob Dylan. Um relato muito bonito e sensível sobre
amor, amizade e lealdade, sem julgamentos, com muito respeito, e empatia.
Informações sobre o livro
Título: Só garotos
Autora: Patti Smith
Editora: Companhia das Letras
Páginas: 280
Preço médio: R$ 30,00