Texto: Manoela Victoria / Ilustração: Rapha Kobayashi
Nesta quarenta uma coisa que ficou clara é como a criatividade é inata no brasileiro. Nunca foi segredo a nossa criatividade e a capacidade do nosso “se vira”, essa habilidade sempre foi tão corrente em nós como nossos rios. Sempre, em épocas difíceis, ela é capaz de dar as caras e surpreender, e nessa quarentena não foi diferente. Apareceram tantas lojinhas virtuais, ebooks, cursos gratuitos e free lancer que comprovou-se mais uma vez que a necessidade é a mãe da criatividade.
Porém, reconhecendo meu privilégio, vejo também que desde o mais pobre ao mais abastado há a necessidade em comum: fazer coisas que ama.
É claro que, no sistema capitalista atual, a gente acaba banalizando essa história de fazer o que se ama e resumindo tudo a pagar as contas no final do mês, e ter uma geladeira abastecida porque, no final, amor não enche a barriga, não é mesmo? Ainda mais no Brasil, um país que vem se tornando cada vez mais fechado pro amor de qualquer jeito.
Mas ainda que isso tudo sejam observações, tem-se visto um número grande de pessoas investindo em seus sonhos, em um lugar onde a média de mortes – só hoje quando escrevo este texto – está em 2.027 pessoas por dia, se vê o imediatismo das pessoas tentarem coisas intensas, de se arriscarem. A geração como a minha, que é tão criticada pelos mais velhos, se vê desesperada para viver o melhor que pode, para não haver arrependimentos.
E em meio a tanta ansiedade há a procrastinação, em meio aos cursos onlines e home office. Tentar ser produtivo ao máximo tem seu preço, hobbies que antes eram apenas pequenas doses de alegria viram empregos, e tudo vira uma grande bola de procrastinação, porque afinal nada tem ido em frente e, bem na nossa vez, acontece uma superpandemia dessa?
A coragem de fazer e se dedicar a algo que se ama é necessária, linda e audaciosa. Em tempos de fim de mundo, é importante pegar o monstrinho da ansiedade medo e sobrecarga e tratá-lo com todas as armas que tivermos. Por exemplo, assistindo a filmes, séries, recorrendo a joguinhos, cursos, crochê, dança e a uma das minhas armas favoritas, a escrita. Porque afinal se, de acordo com os religiosos, é o fim do mundo, então vamos precisar de hobbies.
Autores
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Manoela Victoria P.C.S.S. é uma jovem de muitos talentos. Manu é estudante, professora de Inglês, tradutora, coautora do livro infantil " As Histórias do Papai" e mãe da Joana, de oito meses. Ela se entrega à leitura e é apaixonada por bichos. Adora a natureza e quer encher o apartamento onde mora com plantas charmosas como as "suculentas".
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Rapha Kobayashi gosta de desenhar e capricha nos letterings. É estudante, passou parte da infância no Japão e, por toda essa experiência vivida, adora mangás e animes. Atualmente investe seu tempo nos estudos para ingressar na área da saúde - um sonho que caminha para tornar-se realidade em breve!
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